Nas calçadas mortas das cidades Não ouço versos e nem poesias Ouço triste o clamor dos pedintes E longe, bem longe apelos por melodias!
Ruas sujas, tão feias, sem jardins, Gambiarras de fios cortam as cidades Mostrando as nossas confusões interiores Apenas uma velhinha relembra ontens: É a Senhora Saudade!
Bem-te-vis cantam em cima de muros, no asfalto, Cortaram as árvores! Podaram as árvores! Não há amor! A Estação Verão tão solitária e taciturna Cumpriu a sua missão e ao Outono confessou seu amargor!
A maior pracinha da cidade Retrata o desleixo, o abandono, a frieza! Espantaram os pardais, as corujas e as rolinhas , Não respeitaram sequer a Mãe Natureza!
Espaços imensos repletos de cimento O povo não senta mais nos bancos da pracinha O coreto está nas fotos amareladas pelo tempo Há medos, sussurros, sujeira! E ausência dos lacerdinhas!
Primavera, Estação das Flores, Dos sonhos, da poesia, do encantamento, A pracinha desprezada, sem poeta e sem ninguém! É apenas um ponto de referência: um lamento!
E lá vem o trem para a Estação Inverno Chegando para desnudar as poucas árvores vestidas, Traz frio, reflexão, apelos, tristezas, Ponto de parada: Uma pracinha morta, melancólica, sem vida!
Cabe a Nós, Poetas da Vila, O resgate do bucolismo de outrora Sementes de Poesias estão à venda E canteiros a gente faz na hora!
Pracinha de Vila Velha Concentração dos antigos carnavais Blocos repletos de alegria Hoje relíquias nos arquivos dos jornais!
Pracinha, Pracinha triste, Que fim levaram os pardais? Sem flores, sem crianças, sem pássaros! Lembranças restam: nada mais!...
Regina Lúcia Pinto Rangel
Enviado por Regina Lúcia Pinto Rangel em 08/02/2022
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